Defensoria aponta corte de remédios em prisão que aloja estrangeiros; cinco morreram
Ao menos cinco estrangeiros morreram desde julho no Centro de Detenção Provisória I (CDP), em Guarulhos, na Grande São Paulo. A informação consta em relat...

Ao menos cinco estrangeiros morreram desde julho no Centro de Detenção Provisória I (CDP), em Guarulhos, na Grande São Paulo. A informação consta em relatório da Defensoria Pública e foi confirmada pelo governo. Segundo o documento, 1.050 presos de outras nacionalidades foram transferidos para o CDP, que passou a concentrar todos os presos estrangeiros do estado. Inspeção realizada em 15 de agosto pelo Núcleo Especializado de Situação Carcerária, da Defensoria, constatou que não há atendimento médico regular na unidade, nem a oferta de medicamentos essenciais de uso contínuo. O Centro de Detenção Provisória I, em Guarulhos Google Street View Além disso, a visita dos defensores públicos verificou a falta de condições adequadas para proteger os detentos do frio. Há superlotação na unidade, que opera com 125% da sua capacidade, o que implica em presos terem que dormir direto no chão. A inspeção apontou a falta de colchões, de cobertores, chuveiros quentes ou roupas para o frio. Ainda não há informação oficial sobre as causas das mortes, mas de acordo com um depoimento colhido pela Defensoria, um dos presos era hipertenso. O órgão afirma que o prontuário médico dos detentos não acompanhou a transferência deles da Penitenciária de Itaí para o CDP de Guarulhos. Sem a referência, homens que recebiam medicamentos de uso continuado tiveram o tratamento interrompido, segundo a Defensoria. O corte afeta de maneira mais severa presos que fazem acompanhamento de doenças como HIV, diabetes, hipertensão e até mesmo câncer. Entre os cinco mortos estão o boliviano Willy Renfijo Ajata, o chileno Carlos Patricio Ramirez Avendaño, e o tanzaniano Yahya Saidi Abdallah. Os outros dois ainda não foram identificados. Governo cita comorbidades e afirma que presos têm amparo médico Procurada, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) informa que instaurou procedimento investigatório para apurar os fatos. Segundo a pasta do governo Tarcísio de Freitas, o CDP I de Guarulhos passou a receber presos estrangeiros desde junho, porque "a localização da unidade simplifica o acesso a serviços oferecidos pelos consulados". Quanto à falta de remédios, a SAP afirma que o CDP conta com dois médicos e cinco enfermeiros, e que os detentos passam por avaliação de saúde na entrada da unidade, em que é verificada a necessidade de de dietas específicas e a prescrição de medicamentos. Recentemente, ainda segundo a secretaria, novos colchões foram entregues nas celas. Apesar de reiterar a realização do procedimento padrão de saúde, a SAP não negou, porém, ter havido interrupção no fornecimento de medicamentos. Quanto aos cinco homens que morreram, a SAP informa que, após atendimento da equipe de saúde, foram encaminhados ao hospital municipal localizado na região do presídio, onde faleceram. "Além dos sintomas apresentados, os cinco tinham comorbidades" (leia nota completa mais abaixo). A pasta também não respondeu ao g1 sobre a falta de condições adequadas para o período mais frio do ano. E nem explicou por que um centro de detenção provisória está abrigando presos com condenação. Leia a nota completa da Secretaria da Administração Penitenciária de São Paulo: A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) instaurou procedimento investigatório para apurar os fatos citados. Desde junho, o Centro de Detenção Provisória (CDP) I de Guarulhos passou a receber presos estrangeiros. A localização da unidade simplifica o acesso a serviços oferecidos pelos consulados que representam os países de origem dos custodiados. O CDP conta com dois médicos (clínico-geral e psiquiatra) e cinco enfermeiros. Na entrevista de entrada na unidade, a equipe de saúde faz uma avaliação e depois a prescrição do medicamento. Além disso, quando os custodiados são inseridos, é verificada a necessidade de dietas específicas, por motivos de saúde ou religiosos. Atualmente, 95 presos recebem a alimentação diferenciada. Na unidade, são distribuídos materiais de higiene e limpeza semanalmente para todos os custodiados e, recentemente, foram entregues novos colchões nas celas. Os custodiados mencionados pela reportagem foram atendidos pela equipe e encaminhados ao hospital municipal localizado na região do presídio, onde faleceram. Além dos sintomas apresentados, os cinco tinham comorbidades. A apuração de todas as circunstâncias segue em andamento. A SAP aguarda os laudos oficiais com indicativos das causas das mortes. Dados da população prisional podem ser acessados no site da SAP: www.sap.sp.gov.br