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Após tratamento inovador, paciente tem remissão de câncer e celebra recuperação voltando a fazer o que ama: correr

Após tratamento inovador, paciente tem remissão de câncer e volta a correr “A primeira reação sempre é você ficar preocupado, é ódio, mas uma outra c...

Após tratamento inovador, paciente tem remissão de câncer e celebra recuperação voltando a fazer o que ama: correr
Após tratamento inovador, paciente tem remissão de câncer e celebra recuperação voltando a fazer o que ama: correr (Foto: Reprodução)

Após tratamento inovador, paciente tem remissão de câncer e volta a correr “A primeira reação sempre é você ficar preocupado, é ódio, mas uma outra coisa que ajuda muito é a parte religiosa”, lembra José Ricardo sobre o momento em que descobriu que a ferida que pensava ser uma afta se tratava de um câncer. Apesar do impacto inicial, ele manteve a tranquilidade. “Tenho que viver a minha vida normal, né? E foi isso que eu fiz”, afirma. Diagnosticado com linfoma não Hodgkin em 2024, José Ricardo Formagio Bueno, de 65 anos, enfrentou meses de quimioterapia, remissão e recidiva da doença até chegar à terapia celular CAR-T, tratamento inovador que modifica células do sistema imunológico do paciente para combater tumores. A terapia foi realizada em Campinas (SP) em outubro deste ano e, em novembro, um novo exame confirmou que o câncer está em remissão. Corredor amador há 45 anos, José Ricardo conta que ansiava pelo momento em que poderia voltar a correr depois de realizar o tratamento. "É como se fosse uma necessidade. Você tem que comer todo dia, tem que beber água, é a mesma coisa", compara. Com o câncer em remissão, ele celebra a retomada das corridas na esteira. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Campinas no WhatsApp Rotina ativa Após tratamento inovador, paciente tem remissão de câncer e celebra recuperação voltando a fazer o que ama: correr Arquivo pessoal José Ricardo conta que não abriu mão da atividade física nem durante os 20 dias de internação para receber a terapia celular. “Eu acho que nenhum dia. A gente trouxe pro quarto, sabe aquelas bicicletinhas portáteis? Eu pedi um colchonete, eles trouxeram. Então, eu fazia bicicleta, fazia um pouco de exercício, abdominal, todos os dias”, conta. Ele corre desde os 20 anos de idade e reforça a importância do hábito. “Você tem necessidade de correr, de fazer atividade, da mesma forma. E isso cria uma rotina, uma regularidade na vida”, explica. Para ele, manter o corpo ativo foi essencial durante o processo de diagnóstico e tratamento. “Não tenho nenhuma dúvida, eu acho que faz toda a diferença. Do ponto de vista físico, você 'tá' mantendo o teu corpo ativo. E também mental, porque você sente que não está se entregando, você está reagindo positivamente a todo aquele quadro que não é tão favorável”, afirma. Em um vídeo gravado no dia 17 de novembro, José aparece correndo na esteira, animado por retomar a rotina. Para quem enfrenta um diagnóstico semelhante, ele deixa uma mensagem: “É acreditar que o dia de amanhã vai estar melhor, tem alternativas. E acreditar nisso, todos nas suas respectivas religiões, essa parte ajuda demais também”. Tecnologia e esperança De acordo com o INCA (Instituto Nacional do Câncer), o linfoma não Hodgkin (LNH) é um tipo de câncer que tem origem nas células do sistema linfático e que se espalha de maneira não ordenada. Existem mais de 20 tipos diferentes de linfomas não Hodgkin. O sistema linfático faz parte do sistema imunológico, que ajuda o corpo a combater doenças. Como o tecido linfático é encontrado em todo o corpo, o linfoma pode começar em qualquer lugar, dificultando o diagnóstico. O linfoma pode atingir crianças, adolescentes e adultos, mas é mais comum em pessoas mais velhas. O hematologista Vinícius Grilo, responsável pelo programa de terapia celular no Centro Médico de Campinas e pela aplicação em José Ricardo, explica que o caso exigia uma abordagem diferente. “Por ser uma doença que recidivou muito precoce, cerca de um, dois meses após o término da quimioimunoterapia, esse paciente tem a indicação formal da realização da terapia com células CAR-T, por ser uma doença muito agressiva, que se mostrou refratária aos tratamentos usuais”, afirma. Depois do diagnóstico de linfoma, José Ricardo iniciou a quimioterapia, chegou a ter remissão, mas a doença voltou de forma agressiva poucos meses depois. “Essas recidivas mais precoces são mais raras, mas acontecem em torno de 5 a 10% dos pacientes”, explica o hematologista. José não apresentou sinais clássicos da doença, mas teve o crescimento de um caroço no pescoço e perdeu peso durante a quimioterapia. Segundo o médico, isso é possível porque o linfoma não-Hodgkin “é uma doença que pode ser silenciosa". "Você tem alguns tipos de linfomas de proliferação mais lenta, mas também os agressivos. Na grande maioria dos casos, pode acontecer febre, emagrecimento, sudorese, mas principalmente o surgimento dos caroços, dos gânglios, principalmente no pescoço, que é onde o paciente nota mais”, explica Grilo. LEIA TAMBÉM Unicamp integra projeto pioneiro no Brasil de terapia genética contra o câncer que usa células do próprio paciente Car-T: terapia contra câncer pode ter pedido de registro na Anvisa em 2026, diz pesquisador Estudos clínicos no Brasil querem reduzir em até 80% custo da CAR-T, terapia contra câncer que pode custar R$ 3 mi Como funciona a terapia? Apesar do volume pequeno, a bolsa carrega milhões de células preparadas para atacar o tumor. O conteúdo é descongelado e infundido por via intravenosa, em um procedimento semelhante a uma transfusão. Arquivo pessoal A terapia celular CAR-T usa os linfócitos T do próprio paciente, que são coletados por uma máquina chamada aférese. “Essa máquina pega o sangue do paciente, separa o linfócito T e devolve o restante do sangue”, explica Vinícius. Esses linfócitos foram enviados para um laboratório especializado na Holanda, onde receberam um vetor viral modificado para alterar o DNA da célula. “Esse vetor faz com que o linfócito comece a expressar uma proteína capaz de reconhecer a célula do linfoma como estranha”, detalha. Depois da modificação genética, as células são multiplicadas em cultura até atingir uma quantidade adequada para reinfusão no paciente. “É como se a gente tivesse ensinado o linfócito do paciente a reconhecer aquela célula de tumor como estranha e a destruir o tumor”, resume o médico. Após o processo de modificação, as células voltam ao hospital em um transporte altamente controlado. “Ela vem em um tonel grande, com nitrogênio líquido. Dentro desse tonel tem um outro tonel, e dentro dele tem uma caixinha de isopor onde as células vêm dentro de uma bolsa, que veio, no caso, com 68 ml", explica Vinícius. Apesar do volume pequeno, a bolsa carrega milhões de células preparadas para atacar o tumor. O conteúdo é descongelado e infundido por via intravenosa, em um procedimento semelhante a uma transfusão, mas com monitoramento rigoroso para evitar reações adversas. Car-T Cell Arte/g1 VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias da região no g1 Campinas

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